Cultura

Escritor e engenheiro carioca lança nova coletânea de poesias

'Coragem' é a sequência de outras duas obras do autor

Sua ligação visceral com a escrita permeia a sua vida
Sua ligação visceral com a escrita permeia a sua vida |  Foto: Divulgação

A seleta de poemas do livro ''Coragem'' pode bem ser iniciada pela comparação com dois de seus títulos anteriores, ''Melancolia'' (2019) e ''Sol Descalço'' (2021), segundo escreveu Celia Pedrosa no posfácio do livro. Em ''Coragem'', o autor Carlos Cardoso evidencia sua força poética trabalhando o contraste entre a abstração e concretude, entre afetos distintos, como também entre pensamento e visualidade - esta entendida como efeito de um trabalho que transforma o visível em imagem.

No texto do posfácio do livro ''Coragem'', a professora e pesquisadora Celia Pedrosa diz que “o trabalho poético de Carlos Cardoso, pela superação de dicotomias convencionais, alimenta algumas importantes tendências da poesia contemporânea. São elas: o reinvestimento no lirismo, força afetiva de subjetivação, que impulsiona a relação reflexiva entre um eu desacomodado e o mundo belo e violento”.

Para a ensaísta e escritora Heloisa Buarque de Hollanda, que é uma das que escreve na orelha do livro: “A poesia de Carlos Cardoso, ante e mais nada, é uma técnica de sobrevivência. Sua ligação visceral com a escrita permeia a sua vida. Carlos Cardoso se comunica através da poesia, sobrevive através da poesia”.

E, ainda, nas palavras de Marco Lucchesi, escritor e membro da ABL, que é um que também assina o texto de orelha: “Carlos Cardoso parte do despojamento da poesia descalça, que se nutre da economia de meios para atingir um tônus pluridimensional, na ironia diante do mundo e na álgebra, capaz de indicar a delicada ligação entre mundo e liberdade”.

Carlos Cardoso é um poeta-engenheiro, natural do Rio de Janeiro, mas foi na poesia que ele encontrou os verdadeiros traços da existência, seja do eu, seja do mundo ou da junção deles. Poeta premiado, recebeu pelo livro ''Melancolia'' (2019), o Prêmio Especial da Unesco na Jornada Mundial da Diversidade Cultural para o Diálogo e o Desenvolvimento entre os Povos, o Prêmio da Federazione Unitaria Italiana Scrittori, o Prêmio Especial da Cidade de Roma, a Medalha Pedro Ernesto, da Prefeitura do Rio de Janeiro, e o Prêmio APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte) de melhor livro de poesia de 2019. Seus poemas foram traduzidos e publicados em países como França, Espanha, Itália, Portugal, Estados Unidos, México, Colômbia, Bulgária, Ucrânia e outros.

Como proposta de inserção do livro em outras áreas artísticas, algumas poesias da obra Melancolia ganharam leituras em vídeos de atores, como Othon Bastos, Patrícia Pillar, Malu Mader, Marco Ricca e o cantor e escritor Tony Bellotto.

No lançamento oficial do novo livro de Carlos Cardoso, serão apresentadas novas leituras em vídeos de alguns poemas de ''Coragem'' feitos por Patrícia Pillar, Malu Mader e Tony Bellotto.

Trechos de poesias de 'Coragem'

O Mirante

“Não, não é nada além do que/não pode ser, tudo que plantei/no infinito regado a sonhos/ficou para trás. É noite!/Do mirante, nada.”

Poeta-Engenheiro (Homenagem a João Cabral de Melo Neto)

“João, somos poetas-engenheiros,/e sobre o limite das derivadas/compartilhamos a integral/quando percorremos nossos versos/falando no silêncio/e edificando com as palavras,/percorremos as cidades/em uma nuvem carregada/de imaginação,/com um pouco de maestria/e muito de emoção.”

Legítimo

“Meus sonhos se repetem,/sempre você./Nossa casa é fotografia/a me acompanha,/paredes aplumadas, tetos esguios/paisagem de frente/no fundo da noite que alivia a saudade/e a tristeza de quando parti/e não poderia/retornar.”

< Família de músico morto no Rio vai receber indenização milionária Culto é interrompido por tiroteio na Zona Norte do Rio; vídeo <